«O Doiro sublimado. O prodígio de uma paisagem que deixa de o
ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos
contemplam: é um excesso de natureza. Socalcos que são
passados de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e
modulações que nenhum escultor pintou ou músico podem traduzir,
horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis de visão. Um
universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno
pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se
atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora
pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio assombro. Um poema
geológico. A beleza absoluta»
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